Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Qual 25 de Abril?



É complicado, quase difícil explicar à distância desta data toda a atmosfera, o que significa quando se verbaliza 25 de Abril, não um mero apontamento de calendário a registar mais um feriado que se deseja entale entre uma quinta e o fim de semana para aproveitar a tirada maior de ausência ao serviço ou mini-férias sabáticas mas O 25 de Abril que viciosamente uns quantos de memória ainda associam ao quebrar de um enguiço que parecia ter erguido muros a Portugal e isolado o País, só, orgulhosamente só como diría o outro de Santa Comba Dão.
Afinal tudo cai. Até ele, o primeiro e de costas que em seco não soube nadar numa terra de gente que sempre teve olhos azuis de marinheiro e peito afoito a latitudes que não se prendem a dedos esticados de comendas ou comezinhas orientações sobre castigos se não nos portássemos como a medida da trela apertava. Vai que estica e até o nariz esfolado de sangue no ar é preferível ao comer arrastado pelo chão.
Acontece que o tempo passa e a história dos homens conta-se pelos homens, enreda-se e molda-se na recordação deste contar, amaciam-se as quinas dos episódios evitando o grotesco, da susceptibilidade a ouvidos mais sensíveis cumprindo as regras politicamente correctas impostas pela ortografia do dizer no receio do amanhã fabricar homens cerceados por traumas, permitem-se esquecer dores e o tal fio de sangue a pingar a peitos em paredes de prisão inventam-se poéticos nos cravos manchados em lapelas de desfiles só lembrados a um dia, só lembrados a páginas de matéria corrida de um período a seguir a um Estado Novo já muito bolorento e caquético, papagueada na sabedoria de uma classe conjunta de geração salva por outra, outras que nebulosamente apelam a uma costela revolucionária deste dia para justificarem a resposta à pergunta sobre a liberdade.

Sem comentários: