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sábado, 16 de abril de 2016

Poder gostar


 
É no fim da rua, na porta ao lado, nas páginas escritas em três minutos, no desconhecido que se senta ao lado que moram as verdadeiras obras de arte, porque de surpresas e rasgos de luz a vida grita sem que nos apercebamos de quanto oxigénio é preciso nessa rara quantidade para que ainda haja alavanca para seguir e sentir na genuína concepção do que é ser.
Porque não basta respirar e cumprir, rir e chorar, tem também de se experimentar o gozo da descoberta, do cativar, do enamoramento por ideias, o calor do prazer ao encontrar coisas tão simples e banais como um banho de mar, um afago num cão, uma conversa com um estranho, o conquistar da flor finalmente a nascer.
Afinal tudo o que parece tão distante e belo, quase inatingível, acaba a maior das vezes, distanciado por nós mesmos, pela nossa incapacidade de o querer ou ver ou sequer, poeticamente o olharmos, porque finalmente tudo é tão normal e vulgar, que dos nossos olhos a vontade da arte está apenas a um espaço de pestanejar, ouvir, poder gostar.

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