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terça-feira, 12 de abril de 2016

A memória (derretida)




Recordo-me perfeitamente daquela que era eu neste dia, vejo-a tão distintamente que me permito falar dela como se não fosse eu, essas coisas de vaidade, convencimento, derrubaram-se pela sensatez com que o tempo foi puíndo as impressões levianas. E afinal nem tanto. Serviram de para-choques, um resguardo desbastado que às tantas calejou, fundiu, encravou-se.

Recordo-me dos passados ou do que a trapaça do lembrar diz que é do ontem, deste mesmo dia e da forma como me ria que ainda sendo a minha aparenta ser de outra qualquer rapariga, hoje mesmo ninguém me dirige a palavra sem ser por Minha Senhora, tirando um ou outro amigo especialíssimo e em tom jocoso, Oh rapariga que te ris sem te rires.
 
Recordo-me claramente de chorar neste dia porque estava imensamente feliz e outros faziam de igual e havia um nó na minha garganta que não me deixava engolir tamanho sentir. E embora tenha presente tão sentidamente essa abundância falo de mim lá naquele dia como uma história inesquecível de alguém que conheci.

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