O que me dói tão fantasticamente é a ausência da presença que se mantém gloriosa a meu lado.
Ou a presença contínua do vazio.
Olhar é ver o nada no espaço ocupado pelos olhos da lembrança. Dos cheiros. Dos sons. Dos risos em gargalhadas. E fecho os olhos para ocupar o branco desocupado das partidas do agora está, agora já não está mais.
Há vezes em que me apanham nesta teia, caída para dentro de mim, perguntam o que se passa comigo.
Falo-lhes que o Gaspar morreu.
Encarquilham a testa.
Ninguém quer saber da morte de um cão, da tristeza que se sente quando um amigo único como ele parte, da minha dor que não consigo explicar, que não quero tentar sequer expor.
Falam de coisas, outras coisas que dificilmente percebo porque não é a minha língua.
O que me dói é este branco tão violento e tão nítido que não consigo explicar.
1 comentário:
Credo, como compreendo. Já passei pelo mesmo. E chorei como não chorei por ninguém.
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