Olho o Tejo à direita, a espaços contentores pintam o cenário com a narrativa de alguém que morreu, um aventureiro, um verdadeiro aventureiro na boca do contador, ao tentar saltar de um para outro, uma distância imensa e uma altura de abismo, terá calculado mal e espapaçou-se cá em baixo de cabeça, não consigo deixar de o ouvir, desligar, acompanho-o na estória, no funeral do outro que não conheci e a quem todos chamavam o Carola [pergunto-me se não sería por ter ideias de merda], tanta gente, tanta flor [Carola, porque já se adivinhava a morte de cabeça para baixo], a mulher e dois filhos pequenos, os amigos do Carola, toda a rua estava lá, e um que ficou depois da meia-noite só com o caixão disputa a continuidade do enredo, olho o Tejo e peço uma crónica mas só o esqueleto da estória alheia se ergue ensanguentado das águas do meu Rio [ o Carola já tinha estado preso por roubo]. Há um silêncio consternado quando o narrador e a sua comitiva saiem. Não terão mais de dezasseis, dezassete anos. A intermitência destas vidas, da do Carola, fará a do meu dia. Um desconhecido que me leva a escrever sobre ele e não sobre o Tejo.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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