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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Mayo a Madrid - 5

 


Dia intenso, palavras mais que ditas as que traduzidas nunca são a revelação do trabalho, relatórios, números, comparações, compromissos, um aperto, há chuva na sala de reuniões, no rosto pálido e contido, como somos bem comportados.
Tiramos retratos para a posteridade dos que talvez nunca mais venhamos a encontrar e no acaso do momento, reconheço com quem nunca falei, quem nunca vi, um tropeço no elevador, Lenita, Anita, Ai Dios! E há mais neste abraço que nos esmaga do que verbos a significarem, gargalhadas, mãos que se seguram francas. Besos, besitos guapas, guapíssimos, de abalada até ao hotel a chuva secou-se numa saudade antes da partida.
Sergi espera-nos para o jantar.




 
 
O cenário é fantástico e aguarda que nós próprios o completemos, uma amalgama que se transforma numa comunhão de sentires entre paredes, iluminação, sabores, sons e bem-estar, fazemo-nos parte do VI Cool. Um tapete de azulejos aos pés e na parede ao fundo a lembrar os nossos Arraiolos quebra o rosáceo marmoreado de alguns painéis a contrastar com a pureza do entrançado de faixas de madeira que libertam focos de luz sem agredir conversas mais íntimas aos que procuram um tête-a-tête. 
O que passou do dia foi-se, o dia era agora, o mundo os meus companheiros, os meus sentidos todos dedicados em absoluto à mesa na profusão de cores e aromas.
 
 
 
 
Desde as patatas bravas ao atum fumado ou às sardinas - as nossas queridas sardinhas - em tomate fresco ou seco ou com azeite, às múltiplas ensaladas - de endívias, de alface, de fundo de alcachofras, de beringelas, de queijo de cabra, de ervilhas de quebrar até uma versão de hambúrguer em bolinhas sem serem almondegas tudo pode ser adjectivado de espectacular.
E ainda a cerveja, de uma leveza absoluta, sempre viva e extra-gelada.
 
 


Mas não é só a comida que nos satisfaz no acto de reparar a saciedade do apetite. Ou digo eu, essa necessidade que tenho do belo, em olhar as cores e a forma e me sentir feliz no relance de uma travessa de acepipes, porque a estética me alimenta.
É fundamentalmente, esta capacidade que os Madrilenos têm em si de tudo tornarem possível, a sua disposição à vida, la movida, o sorriso com que nos ouvem e a forma com que transformam o nosso desejo numa realização, o tanto se gostarem capacita-os à concretização para os outros.
Bravo Madrid!


 
 
Fotos by me and Serhat from Turkey


Maio/2014

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