Foi uma frase curta. Daquelas afirmativas sem margem para dúvida e que deixam o ouvinte sem direito a retorquir, o pragmatismo do ponto final mesmo invisível na oralidade, impõe-se pelo solene do tom de voz e pela postura adoptada do físico. Fica-se sem palavras. Atordoado. Depois nega-se a si mesmo o que já se engoliu como veneno e não tem o retorno do expelir pois volta a queimar por duas vezes: Isso é mesmo verdade?
E o da noticia baixa os olhos, acena devagarinho e só depois repete é.
Foi uma frase curta mas que teve o dom de vir lá de tráz como o mar para ganhar força e arrastar, lambendo tudo o que é pertences de quem ao sol acha que a água não lhe toca e leva para dentro e fundo, perdendo irremediavelmente o que estava a salvo na areia quente. Tão perto da mão de alcançar.
Meia-dúzia de palavras a fazerem uma frase curta. Uma chapada na cara, um salto de cristo para o mar, belo, pleno e cheio, quase intuitivo na entrega da grandiosidade dos braços abertos à enormidade de um leito que clama e no instante do vácuo invisíveis mãos puxam o lençol de água descobrindo um nada, apoio seco, um ponto final sem recuo, uma frase curta para um momento que em tudo parecia ser glorioso.
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