Espero a minha vez de ir.
Como se misturada nos outros escapasse de igual ao que a água foge quando nasce em Espanha e volta a descer para se alargar entre dois montes de terra e chamar-se Rio, vazantes e cheia, mansa e agitada.
Espero a minha vez.
Vidas que se vão gastando, olho-te e alimento-me, da janela do Cacilheiro tanto me levas ao ventre materno como ao esquife, adivinhações, talvez que os demais fechem os olhos a fingir que dormitam no cansaço dos dias ou nos medos do fim da viagem, terra firme, tão só dois montes de terra.
Enquanto espero a minha vez aceno-te e brilhas e tudo vale a pena.
(in Olhar com Vista sobre o Rio, 2012)
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