Sería hoje que um fundo musical romperia os céus, um fio de acordes em violinos, imitação de abelhas laboriosas nas flores repentinamente furiosas a esticarem braços finos e elegantes de tanto mês dormido a quererem mostrar cores e sedas de vestidos de pétalas e tonturas de perfumes misturados no voo inquietante de andorinhas recém lusitanas explodirem todos e à vez na confusão de se unirem para num só dia entontecerem cabeças, narizes e olhos trocados de não saber fixar ponto algum porque tanto sitio de olhar é demais pela beleza do acontecer e a terra ondular até levantar os pés, os meus, fazer-me erguer os braços em equilíbrio de cai-não-cai, rodopiar em gargalhadas de não saber porquê e gotas transparentes de um orvalho esquecido do dia passado servem de espelho para outros dias ainda mais bonitos que hão-de vir, deixo-me ir, quero caír nesta terra de Primavera que sería hoje e termino o meu desenho de tinta permanente no canto de uma folha, joaninha avoa que o teu pai foi pra Lisboa.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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