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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Lugar ocupado do meu sentir[-te]


 
Chego, sento-me e olho. [Daqui a nada vem]. Sei que não vem, a secretária arrumada do jeitinho dela, tudo muito organizado. Sempre. [Não vem mais e continua tudo tão no sitio]. O contraste absoluto para a minha mesa, não tenho pastas de arquivo mas sei onde está o que procuro, sempre. Se ela me pedisse ou perguntasse qualquer coisa [Viro-me no sentido da mesa dela, da cadeira dela, espero que ela me peça com aquela entoação de voz aguda], eu dava, eu dizia mas fico silenciosa e quieta, ela não está nem há-de chegar. Não está atrasada nem me avisou com meses de antecedência até eu esquecer [Como e quando me vou aperceber que ela não vem?], por isso é escusado procurar na agenda porque só encontro notas de outros e dela a ausência da causa. Do estar. De rir e imitá-la e rirmos as duas e apoquentá-la com teimosias e ela fincar o pé no dia seguinte pois se nem hoje ela vem [E amanhã? Dói menos o teu não chegar?]
 
Perguntam-me por noticias dela, há-de estar muito bem. [Mas egoísta calo o que só me apetece dizer, que mal estou sem te ter perto de mim].
 
Já tentaram levar a cadeira mas eu digo sempre que está ocupada.

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