Serpenteamos no caminho inverso, outras ruas, outras bodegas, outros apetites, outro dia, um céu que não sabe o que quer, pergunto a Portugal como vai o tempo, infantilidades de quem está fora de casa e quer aproximar o melhor de lá com o pior de cá, vã glorias de quem possui sol em Maio e aqui trabajo, mucho trabajo.
Apertamo-nos no cinzento dos fatos, na sobriedade dos edifícios que nos cumprimentam. Tagarela-se coloridamente no contraste da elegância dos passantes, Madrid é o mundo, confluem cidadanias e temas e ela faz-se moldura, deixa-os enaltecer os passeios chumbo lembrando pinceladas de um quadro em construção constante.
Mergulho nos idiomas que me envolvem, os meus parceiros árabes riem entre arranhões fonéticos, as duas gregas seguem a conversa ao ritmo dos passos, italianos trocam exclamações em tom ainda mais alto que os nativos e eu junto-me ao outro português que acompanha o único francês da comitiva. Chegamos, somos recebidos pelos espanhóis que nos dão as boas vindas em inglês.
Olho o céu, chove, pingas grossas e muitas frias.
Dobro a minha língua e guardo-a.
Dobro a minha língua e guardo-a.
E estupidamente, suavemente, uma música inunda-me... Ain't no sunshine when she's gone...
Maio/2014
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