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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Ágil



Chega um tempo em que é preciso rasgar, cortar, gritar, romper, mesmo que a força das lágrimas sangre por não saírem a arranharem na garganta a dor de lembrar que não há vez de perguntar como se faz, como foi, o porquê, porque se pensou que ainda havia o tempo, esse tempo que agora se atira à cara de garras... Não é remorso, que arrependimento é de não ter feito as mesmas coisas mas com mais interrogações.
É seguir em frente e massajar a nódoa negra da recordação, separar o dantes, despir a fantasia que antigamente é que era melhor, parece sempre assim quando o salto tem o amparo do vácuo até os pés calcarem o chão ao presente.
 
O salto de corça que ensaiei para evitar a poça de água saiu-me torto, feio, torci um pé, fiquei parada com o sapato alagado, a minha figura dobrada para a imagem reflectida enviusada pelo vento que a açoitava ou apenas o tempo que passou, ágil. O tempo, não a memória.
 
 

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