Os alertas coloridos, as mensagens de pânico, o rejubilo da desgraça, água por todo o lado, eu ilha, de chuva, de isolamento na inconsciência das tempestades que confessa aprecio e os outros fogem.
Tudo mais do mesmo.
Final de semana típico quando o estrondo do trovão espanta a cidade e o caos dirige as multidões a confluírem, entupimentos de horas, rezas silenciosas.
Fico para traz como coisa esquecida, deixo-me. Deixo de lutar contra o relógio, contra o caminho dos demais, contra o que ficou por fazer, contra o que vou encontrar por fazer. Ando pela cidade em passo vivo e quanto mais chuva cai mais leve me sinto, vão saíndo os dias da semana um a um, uma sujidade invisível que se havia pegado e fazia peso, da noite que caíu vejo dias de Verão em que andei de bicicleta até as costas me doerem e a roupa encharcada que se me colou como segunda pele tem a temperatura desses tempos de calor em que nada era mais importante do que esgotar as férias até enjoar e voltar à escola.
Atravesso o rio, há gente feliz, silenciosos observam o negrume através das vidraças salpicadas, têm um ar diferente dos restantes, noto-os. Tiro o meu caderno, sai a agenda. Várias notas completamente esborratadas, um fio de choro a azul a desmaiar-se pelo fim das páginas, nada se lê. Vejo o caderno, a ponta das folhas a desfazerem-se.
Sorrio.
Estou feliz, olho a noite chuvosa e no reflexo do vidro molhado vejo o meu rosto com a maquilhagem arruinada, o cabelo colado e não me importa nada, mesmo nada.
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