Há vezes que apetece mas não há tempo, doutras há a oportunidade mas não há veia. Dias chegam que tem silêncio e empenho mas o verbo não sai a contento e tudo que se vê é chato e medíocre, mais valera recolher a mão e arar outros campos a fazer calo de verdade. E também surgem as alturas em que tudo se reúne no ouro e nada se faz, o prazer é deixar o texto cá dentro, apurá-lo por dentro e de olhos abertos como se fechados estivessem o ouvir ressoar no peito e senti-lo quase decadentemente a encantar até à emoção, despegar-se de nós, vê-lo partir, um dia qualquer escrevê-lo.
Esses são dias de emoção profunda porque são dias de pele e de alma, as palavras electrificadas do sentir fluem límpidas e tudo faz sentido, página e autor são uno e nada é mais verdadeiro que a leitura desse material tão rico.
Porém, tão egoísta.
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