Há quem tenha lugar reservado, há quem guarde o lugar para o que esbaforido tenha perdido a noção do tempo e deliciado a Morpheu se tenha arrastado por fronhas e cobertas, há quem venha com monólogos de rezas e pragas contra outros sem esmero de profissão e rigor do cumprimento se atrasem na condução de outros veículos de chegar que não o C782. Há quem já chegue esgotado: Do físico e do ânimo. E a consolação da correria e da discussão deixada em casa às primeiras horas do dia, é atirar-se ao banco reservado e despejar à companhia caridosa o tormento que passou.
Arrancamos.
As primeiras palavras saiem na fúria, atropeladas pela injustiça e pelos semáforos vermelhos, pára-arranca, travagens da comoção, curva à esquerda e até o encosto do corpo no corpo do ouvinte lhe verte as lágrimas do infortúnio, aceno de cabeça, curva à direita e recta curta, diálogo, perguntas, um estrondo, terá sido o pneu que rebentou?
Confessionários improvisados em que mais de trinta escutam o desacato e infortúnio, acenam a cabeça, condóiem-se no colectivo, todos ficamos a saber a falta do dinheiro e as malandrices.
Trajecto quase feito e a janela aberta, o ar não refresca o escaldado da revelação, confessor e ouvinte saíram lá para trás a rirem e aliviados.
Tão cedo ainda e a apetecer-me álcool para empurrar esta viagem.
(in As fantásticas aventuras do C782, Setembro 2014)
(in As fantásticas aventuras do C782, Setembro 2014)
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