Olhar, apontar, enquadrar, caçar a imagem no momento da luz perfeita, achar os brilhos em quantidade suficiente para que não ofusquem ou hajam sombras que lembrem tragédias, cativar o sorriso e aprisionar a memória no perímetro dimensionado.
Recuar.
Decadências suspiradas que escutam longínquo o riso quase grito na correria das brincadeiras quando a bola perdida escapava do pé desajeitado, mãos dadas, beijo à porta, meninos que crescem, mulheres que chegam, arcos de vida que se completam, a noite que vem a seguir ao dia e este nasce a seguir a muitas noites de silêncio.
Silêncio.
Baixinho, muito baixinho, tão baixinho, o gemido, a dor de boca apertada, os punhos traçados ao peito no coração sem força e sem peito e sem lágrimas e sem coração e sem nada e por fim o grito. O silêncio.
Ninguém.
Olhar, achar vidas nos escombros, sentir calor nas pedras, sangue nas silvas que trepam.
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