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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Poderes




Bem podem torcer o nariz, abanar a cabeça e dizer não a ver se não vem que vem, já lhe senti o cheiro e quase a toco antes de chegar a humedecer as palmas que vou cerrando no punho para me alegrar na antecipação calada e só minha do gosto que lhe tenho e lava lençóis de memória má de línguas embaraçadas em palavras escolhidas para fabricarem punhais.
Vem que vem, primeiro docemente como se pó fosse assentando em cabelos e ombros, largando estradas por onde a mão incomodada passa afastando o importúnio na veste e depois trocista, debulha-se, observando o mais rápido na fuga e resguardo. Não me movo, recebo-a de olhos fechados, de todas as vezes a primeira, de todas as vezes o punhal nas minhas costas a cravar-se pelos que correm e gritam doida.
Chove.
Um som desconsolado e lastimoso propaga-se pela água que tomba a direito, uma evidência do vai-te embora sem força para o exílio. Condenam-me, talvez a culpa seja minha que tanto a desejei.
 
 

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