Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Olhar com Vista sobre o Rio (9)



Vou-me chegando. Rebelas-te que nesta hora de lobo és tão fera quanto hoje chego, faminta, presa e predadora, a devolução a terra será cuspida sinto-a, uma humilhação como tantas já me fizeste e nem por isso te engano o caminho de vez no arrepio por ar que bem o merecías.
 
Queres vingança na solidão do desamparo e berras no cais o desembarque violento atirando o cacilheiro e gentes metidas dentro, tudo ao mesmo tempo, gemendo aço e madeiras, pedras e águas, lamentos e preces e eu de soslaio nem abro a boca, mareada.
 
Eu volto. Sem sorriso. Mesmo de embalos não hei-de fechar os olhos e sonhos só se for com outros, que rios conheço uns tantos, tão ferozes como tu. Bem vês... ainda aqui ando.
 
 
 
(in Olhar com Vista sobre o Rio, 2012)

Sem comentários: