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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O bater do coração (quinze)



Talvez me escreva uma carta.
Ao alto não ponho data, assim estará pronta para ser lida em dia qualquer que precise de ouvir coisas bonitas, nada de serviço, tudo muito trivial, banal, a começar pelas perguntas do costume como vou eu, a familia, o cão e os gatos, os cozinhados, a escrita, a dança, essas coisas que ao ler-me hei-de fazer torcidelas com os beiços e risinhos parvos mas cá por dentro gosto e a saudade de algumas delas dá-me apertos e baques, acelera-me o sangue nas veias, aflige-me às mãos uma tremura leve de tanto apertar com ternura o papel de carta.
Devo escrever-me uma carta.
Ando farta de tanto profissionalismo. De tanta hora marcada. De tanto rigor. De tão certinha ando em cima do risco que até de olhos fechados o sei correr sem risco nenhum. De tão cansada de estar cansada que já não me canso.
Devo escrever-me e responder-me com tantas parvoeiras como tantas deverei receber.
E devo remetê-la em correio azul pois urge que volte a sentir, metade de mim está dormente e não responde quando chamo.

1 comentário:

o Reverso disse...

de repente, na imagem, julguei que era o Tótó, personagem à qual quando era miúdo e ia ao cinema, nunca achei piada. depois vi que era o Dali a cuja cara e respectivo bigode, idem.



escreve, sim, escreve-te uma carta ou melhor, fala sozinha, ou seja, fala contigo, já que os amigos não te telefonam...