Observo-os fingindo deixando-os pensar que durmo. Não pretendo enganá-los, sei que me conhecem, mas esta dormência e silêncio após tanto bulicio e pó levantado sabe-me bem, tranquiliza-me, aquietam-se as folhas, os objectos analisam-se finalmente estáticos na sua forma e podem-se inventar diálogos, fechar os olhos, esboçar sorrisos por alguma tontice que num segundo alguém nunca pudesse dizer.
Todos os meus pedaços, fiapos, lentamente regressam ao meu corpo, uma suave brisa empurra-os até mim e esse encaixe recorda-me passeios de bicicleta, dias de chuva na praia, um cartucho de castanhas, o aroma de alfazemas, coisas perdidas na memória sem arrumo, sem importância de maior, à deriva e se vão pescar de quando em vez para nos salvarmos de coisas muito feias.
Para serenar e não se morrer.
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