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terça-feira, 17 de julho de 2012

Edna




Por mais que tente não consigo lembrar em que altura e a que propósito é que Edna apareceu na minha vida. Não é que tenha importância de maior até porque, diga-se, é pessoa que me causa aversão imediata.
A sua total incapacidade para sorrir é decerto a principal razão para eu não gostar de Edna. A juntar ao seu ar perfeito, à sua elegância perfeita, à sua roupa de griffe, ao seu profissionalismo, a nada ter que se lhe apontar. Esta mulher não existe porque não há mulheres perfeitas.
E é por isso que eu não gosto dela.
Se ao menos tivesse um cabelinho fora do sitio... um destempero qualquer que lhe fizesse perder o ar sério e a queda do pedestal.
Depois, é também a frieza constante que tem nos olhos, como se nunca tivesse sido criança ou nunca se tivesse encantado por coisa alguma ou mesmo tido ânsias de desejos, vontades, iras, raivas, as coisas comuns de quem sente dor e alegria, nada, mesmo nada, não se consegue ler nada naquele olhar. Até do aperto de mão não resta memória, não ficam lembranças se foi frouxo ou rápido mas apertado na chave...
Não gosto de Edna. Sinto sempre frio quando estou perto dela. Por dentro. Na barriga. Não é medo. É frio de desgraça, de tragédia. Não sei explicar, procuro sempre a luz do dia, o sol, fugir da sala onde manda sempre fechar a porta.
Mas deve ser a minha cabeça cheia de histórias, poucas palavras trocamos, tão pouco me lembro de onde e porque razão nos travamos de conhecimento, nada sei sobre ela e ela de mim nada sabe, e assim há-de permanecer.

2 comentários:

Teresa Durães disse...

Por acaso quando encontro alguém assim sinto exactamente o mesmo. E sei que, se não são visíveis os defeitos, é porque não viveu.

Gasolina disse...

Olá Teresa!

Conheço algumas pessoas assim e começo a achar que com tanto defeito, o problema é mesmo meu.

Provavelmente, eu não existo.