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domingo, 6 de maio de 2012

Está na hora



Antes da alba rasgar as cortinas do quarto há-de abrir os olhos e pensar muitas vezes no dia que ainda não é, depois fechá-los-á de novo e de mãos apertadas à dobra da roupa de cama pedirá a um deus só seu em tom fervoroso que lhe permita adormecer e despertar noutra pele, que tudo é pesadelo e esta madrugada que se aproxima de botas pesadas como o soldado que a tomou em flor, marcha para a levar contra a parede da sua própria casa, do lado de fora, com sombras de gigantes onde não há vivos mas só sombras.
O galo dilata-lhe as pupilas e o torpor evapora-se como a noite.
Aos poucos, encharca-se o quarto caiado dos raios da manhã nova, olhos abertos, o berro da criança faminta que ela não quis.
Está na hora.
Foi o que disseram aos seus quando os levaram.
Porque não chegou a dela?

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