Ninguém percebía, ninguém entende, comedimento, está na altura, espelhos servem para ver e os óculos é para quê??? Acaso perguntam ao morto se ele quer morrer naquele instante ou está disponível na semana seguinte? Caíu-me a caliça, o estuque, desmoronou-me a fachada completa, a armação em aço era de cartonado molhado a lágrimas abafadas na almofada, pendeu-me o riso para o poço e nunca mais soube dele. Merda! Medo! Mãe! A elegância das notas em sol sustenido a susterem-me a respiração. Olha que uma mulher não chora, encosta a lingua ao céu da boca e aguenta firme para não estragar a maquilhagem. Fome. Dor. Não chora, não chora, só dói, é tudo um hábito e depois já nem se sente nada, quase se pede por se sentir a falta. Essa é a magia, não haver magia e fazer-se de conta. É tudo a fingir. Fingir-se que se aguenta quando não se pode mais, fingir-se que se é forte quando se é moribundo, flores de papel à que finge ser forte. Um dia foi-se-me o mundo dos espelhos, entreguei-me ao mundo dos homens.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
1 comentário:
não sei se és fingidora como o poeta e sentes mesmo aquilo que finges sentir. e isto é também o que te escreveria nos posts abaixo...
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