Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Alucinações de uma vida paralela (2)



Ninguém percebía, ninguém entende, comedimento, está na altura, espelhos servem para ver e os óculos é para quê??? Acaso perguntam ao morto se ele quer morrer naquele instante ou está disponível na semana seguinte? Caíu-me a caliça, o estuque, desmoronou-me a fachada completa, a armação em aço era de cartonado molhado a lágrimas abafadas na almofada, pendeu-me o riso para o poço e nunca mais soube dele. Merda! Medo! Mãe! A elegância das notas em sol sustenido a susterem-me a respiração. Olha que uma mulher não chora, encosta a lingua ao céu da boca e aguenta firme para não estragar a maquilhagem. Fome. Dor. Não chora, não chora, só dói, é tudo um hábito e depois já nem se sente nada, quase se pede por se sentir a falta. Essa é a magia, não haver magia e fazer-se de conta. É tudo a fingir. Fingir-se que se aguenta quando não se pode mais, fingir-se que se é forte quando se é moribundo, flores de papel à que finge ser forte. Um dia foi-se-me o mundo dos espelhos, entreguei-me ao mundo dos homens.  

1 comentário:

augusto, um entre mil disse...

não sei se és fingidora como o poeta e sentes mesmo aquilo que finges sentir. e isto é também o que te escreveria nos posts abaixo...