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sábado, 17 de abril de 2010

Os meus segredos (vinte)

Pesa-me ao ombro arrecadados na carteira, as chaves de casa, o porta-moedas, os óculos de sol, o baton, a caneta de tinta permanente e o meu caderno. Não sou de coleccionar bilhetes, facturas ou até contas de supermercado. Não tenho espelho de bolsa nem pente ou escova. Não tenho fotografias de ninguém para me recordar. Não tenho coisas perdidas que já havía procurado e satisfeita ali as ache. Quando me corto nas folhas do meu caderno chupo o dedo, saboreio o sangue, por isso não tenho pensos rápidos. Vejo e confiro frequentemente se o caderno vai comigo, apalpo-o, depois aliso os cantos das folhas. Sei tudo o que escrevi nele e por isso não me surpreendo com textos escritos há várias semanas. Nem mesmo quando as letras falham na dislexia presente e o conceito da frase se reveste de outras intenções. Agrada-me quando outros o usam, me levam as chaves e entram à minha frente na casa onde moro, troçam da cor do meu baton e disfarçam-se de mim quando ajeitam os óculos que lhes esconde o (meu) olhar.



1 comentário:

BF disse...

Entregas as chaves da arca onde guardas dos teus segredos... o que escreves.

Um Beijo :)

BF