Às vezes tinha dias de riso. Daqueles que disparam por tudo e por nada, em que o nada era o mote e o tudo era a gargalhada colectiva. Meias frases eram o saca-rolhas que fazía saltar uma mente endiabrada e muito bem lubrificada pela progressão explosiva com que desenvolvía o motor de uma qualquer história arranjada à pressão, os outros uma achega, um fertilizante que impedía que o ponto final arrasasse o trabalho do aparelho vocal e da extensão e compressão das paredes abdominais. Nesses dias havía sempre sol. Era amarelo. E vía-se, redondo, como se costumava desenhar quando ainda se vestía bibe. Por todo o dia ría e mesmo inquirido sobre a graça achava graça à questão, encontrava-se mais sagaz nestes dias, apurado com soluções para problemas que se assemelhavam apenas e tão só a complicações. Depois os dias de riso começaram a rarear, ou não podía ou não devía ou não se lembrava ou não tinha vontade. Às vezes tinha dias que tentava rir como nos dias de riso mas não lhes achava piada nenhuma ou até se considerava um tolo. O sol ainda aparecía mas agora escaldava-o e até o amarelo o encandeava. Um dia parou de todo com o riso. Nem sol, nem soluções, nem facilidades nem amarelos. Só um grupo de homens velhos que o rodeava, cotovelada aqui, piscar de olho no outro, uma tosse incontrolável pelos cochichos trocados de como ele os fazía rir e sentirem-se felizes.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
20 comentários:
Interessante.
Espero que tenhas uma boa semana!
:)
Bjs
Viva.
Dá para reflectir.
Risos banais.
bj
E como ri... quando for velha quero continuar a rir.me muito. Dizem que não devo fazê-lo, tanto como faço, faz rugas na pele...
Mas como posso deixar de rir?
que a banalidade seja sempre construída com a riqueza das tuas palavras...e, já agora, acompanhada de um belo sorriso
beijos
Há dias de riso, há dias de lágrimans.
Há idade em que tudo sorri, o céu é sempre azul, o sol brilha sempre.
Mas o tempo passa...e nem todos conseguem manter a alegria de viver.
É uma pena, mas não por isso menos real.
Gostei do texto.
Beijinhos
Mariazita
nunca o riso será uma coisa banal...
um beijo grande
Se a rir vivo, porque, então, não vivo a rir?Porque rir é ser feliz e a felicidade foge sempre...
Bj.
São dias breves a vida. Cada vez mais curtos.
Eu tento sempre "andar de bibe", para me poder sempre rir com o sol bem amarelo. Amarelo pintainho. Brilhante.
Só tu, para nos resumires assim.
NÃO HÁ RISO NEM SOL QUE SEMPRE DUREM!
TAMBÉM ME LEMBRO DE TEMPOS EM QUE RIA MAIS... APESAR DE AINDA RIR BASTANTES VEZES, FELIZMENTE!
"ELE" , O DA HIST+ORIA, AINDA FAZIA RIR OS OUTROS? ENTÃO NEM TUDO ESTAVA PERDIDO!
DEIXO UM SOLRISO... CHUVOSO!
A TUA DANÇA DA CHUVA DEU UM RESULTADÃO :)
Um sorriso é sempre algo bonito de ver...
qualquer idade é bao para sorrir...
um milhão de sorrisos para ti amiga
BF
Bernardo,
Chego atrasada aqui porque a semana foi do piorio!
Mas esqueçamos...
Obrigado por estares aqui, por gostares.
Um beijo ao Léu
Suruka,
Banalizamos os gestos mais simples e puros que o homem pode oferecer.
E afinal, sorrir, rir é dar tanto a outrém. E a nós mesmos.
Fica bem.
Laura,
Riso nunca é demais.
E faz menos rugas que fazer cara feia, que exige de muitos mais musculos faciais.
Depois rir, é contagiante, pega aos outros bom humor e bem querer.
Porquê evitar?
Eu cá nunca nego uma boa gargalhada, mesmo que o motivo da chacota seja eu mesma.
Um beijo, um abraço forte. E um sorriso
Carla,
És sempre uma visita gentil que me acarinha e me faz arquear sorrisos.
Assim as palavras da Árvore te deixem um sorriso pintado.
Um beijo
Mariazita,
Tens razão.
Mas também há que fazer um pouco para que a vida não seja sempre amargura e até das lágrimas tantas vezes se tira o consolo do sorriso.
Um beijo
Santiago,
Pois não o é.
Mas que os homens o banalizam... é inegável.
Um beijo grande para ti.
Mateso,
Um trocadilho incontornável.
Mas se sempre vivessemos num estado de constante felicidade que fazer para a distinguir de outras banalidades?
E para que serviríam as palavras saudade, nostalgia, recordação?!
Um beijo
Patti,
Vou ser preguiçosa e dizer que assino o que escreves.
Um beijo
ASPÁSIA,
TAMBÉM ME DIZEM QUE ME TORNEI MAIS SISUDA...
AINDA ME RIO BASTANTE MAS DEIXEI DE DESPERDIÇAR SORRISOS COM QUEM NÃO MOS MERECE. NA TROCA ATIRO-LHES UMA GARGALHADA BEM SONORA. COMO DIRIA O OUTRO "A MINHA GARGALHADA DE DESPREZO, SEU URUBU DE GALOCHAS!".
QUANTO À DANÇA É SÓ PEDIR: FAÇO-A COM O MAIOR PRAZER E POR SER PARA QUEM É ATÉ VOU ENCOMENDAR UMA TROVOADAZITA! QUE ISTO COM EFEITOS SONOROS É MUITO MAIS GIRO!
UM BEIJO IMENSO EM TI JARDINEIRA!
Papoila,
Agarro o teu milhão de sorrisos e guardo-os no peito.
De mim para ti vai um sol, que eu sei que tu amas e precisas todos os dias. E além do mais mereces e eu quero dar-te.
Um beijo Papoila dos Girassóis.
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