
De regresso à minha margem tive a sensação de revelar um filme às avessas.
Talvez porque a caravela de Belém parecía mais de pedra do que o habitual, imóvel a encantar-se do rio que a beija mas limitada no seu sonho de arrancar âncoras e amarras, afogando essa mágoa na enchente do Tejo.
Vi imagens a passarem lentas, entrecortadas pelos pilares vermelho sangue desta Ponte que feita de carnes e metal, embala viagens de vai-vem, repetidas no dia-a-dia, inovadas pelo céu, enfeitadas pelas escarpas.
Sorrio-te Rio, ao ver a face projectada neste vidro, um carão franco semeado de ilusões. Afaguei a janela deste barco e senti o teu rosto cansado. Mas devolveste-me já no segredo da noite o tempero da ondulação e sosseguei.
Há quanto tempo te conheço eu?
(in Crónicas do Tejo, C.G. 18/11/2005)
10 comentários:
A mim? Desde antes do Tempo.
Aos teus verbos amava eu ter conhecido desde sempre.
Amo-te mais ainda quando escreves o mesmo Rio que eu corro.
Beijo
Querida Gasolina
O Tejo é, na realidade, único. Descrito por quem o ama como tu ganha uma dimensão que nenhum outro rio do Mundo possui. Talvez somente encontre "alma gémea" no Danubio de mil amores partilhados, mas a este último falta-lhe o mar Atlântico, o mar da minha cumplicidade.
É tão bom escreveres sobre o Tejo...
Beijinhos.
Dias,
É mesmo... conheço-te desde sempre, seja lá onde isso foi ou o que é.
E o Rio é nosso.
Um beijo
Victor,
Meu Querido Victor, como me enleva este Tejo.
Mas um dia destes falarei de outro Rio por quem me perco de amores tão fortes quanto este. O meu Mondego, o meu Bazófias.
E nesse Atlântico poderoso também eu me devaneio.
Somos mesmos ricos, não é?
Rio e Mar.
Um beijo de carinho enorme.
Ó TÁGIDE DA ESQUERDA MARGEM!
QUANDO ATRAVESSAS O TEJO,
ELE EMBALA-TE A VIAGEM
NAS ONDAS DO SEU DESEJO!
COM CIÚMES DO MONDEGO,
JÁ O RIO TEJO FICOU...
REVELASTE ESSE SEGREDO,
E O TEJO, TRISTE, CHOROU!
BEIJINHOS DESTA TÁGIDE DA MARGEM DIREITA...
As águas do rio correm nas margens da vida.
Beijo
o rio que já em pequenino atravessava, quando os meus pais me levavam a almoçar a cacilhas no gingal, restaurante que já não existe.
como tão bem sentes e fazes sentir este rio.
ASPÁSIA,
MESMO ENCIUMADO O TEJO TEM O MEU CORAÇÃO. MAS NÃO POSSO PÔR DE PARTE O MONDEGO DA MINHA INFÂNCIA, QUE ME ENSINOU A GOSTAR DE RIOS.
MAIS UMA VEZ, UM PRESENTE NO TEU POEMA.
OBRIGADO JARDINEIRA, UM BEIJO!
Mateso,
Poética e verdadeira a tua afirmação.
Beijinhos
Santiago,
Toda essa zona tem vindo a ser reabilitada.
Quem sabe esse sitio está activo...
Este rio quase me corre nas veias, sempre diferente todos os dias, sempre uma magia olhá-lo.
Obrigado pelas tuas palavras. Sincera.
Enviar um comentário